Adiada desde maio, data inicialmente prevista para sua inauguração, a exposição “About Time: Fashion and Duration” finalmente abrirá suas portas ao público no próximo dia 29 de outubro, no Metropolitan Museum of Art em Nova York. A mostra comemora os 150 anos do célebre museu e conta com uma narração fantasma pela escritora britânica Virginia Woolf, e os personagens de seu romance Orlando conformam a espinha dorsal que dá forma à mostra.
Dividida entre duas linhas do tempo, a exposição curada por Andrew Bolton desafia os conceitos de tempo e, justamente em um ano em que a noção humana acerca desse tema sofreu uma reviravolta, nos mostra como o tempo de cada um muitas vezes diverge do que é marcado pelo relógio. A primeira linha do tempo segue o formato linear, destrinchando-se desde 1870 até 2020, e provoca quanto à efemeridade, obsolescência e progresso da moda em sua história. A segunda já não se desenvolve linearmente ao longo do tempo, mas contrapõe um paralelo à anterior e apresenta uma indumentária que “perturba” a ordem anteriormente estabelecida através de novas interpretações para propostas semelhantes, em contrastes de silhuetas, materiais e estilos de vida que mudavam ao longo do tempo.
Ambas as linhas temporais se dividem entre duas galerias do Met, a segunda delas sendo totalmente espelhada e conferindo um aspecto mind-blowing que vai ao encontro da proposta provocativa da exposição. As primeiras peças contrapostas entre as duas linhas são um vestido de luto dos anos 1870 pareado contra um vestido curvilíneo desenhado por Elsa Schiaparelli em 1939. Em seguida, um suntuoso vestido drapeado inspirado no guarda-roupa da Princesa Alexandra da Dinamarca aparece contraposto à famosa bumster skirt de Alexander McQueen, ambos apresentando um tronco ultra alongado em propostas totalmente distintas. E assim por diante, peças icônicas da história da moda, ou desenvolvidas por grandes estilistas em diferentes décadas ou séculos, contracenam em uma mostra que instiga uma reflexão sobre como a moda evolui, se recicla e reinventa ao longo do tempo.
Ao final de um tour de impacto, Bolton não deixa de fazer sua última provocação tangente ao terreno da moda, mas agora seu olhar se desvia para o futuro. O último look apresentado, um vestido-bata desenvolvido por Viktor & Rolf todo em patchwork de materiais reaproveitados, destoa das peças predominantemente pretas mostradas até então e surge poeticamente pendurado próximo à saída com áureas de renda e luzes sobre o manequim, simbolizando a esperança de que conceitos de reaproveitamento, sustentabilidade e senso coletivo guiem a moda para um futuro transformador.
A exposição ocorre até o dia 7 de fevereiro de 2021, e quem tiver a oportunidade de ir à Nova York até lá pode aproveitar essa super obra! Para quem não puder conferir a exposição presencialmente, a Vogue preparou um pequeno tour virtual que conta com a prévia da mostra e que você pode acessar aqui.
Beijos, H.