A moda francesa representada nas novas coleções prêt-à-porter de Dior, Chanel e Balmain reflete todo o glamour parisiense em meio a diferentes abordagens – uma mais política, uma mais intimista, e outra mais escapista. Mas a verdade é que todas seguem um denominador comum: o brilho que esperamos alcançar e refletir ao encontrar o equilíbrio entre perseverança e aceitação. Afinal, hoje mais que nunca, a moda é política e é social, mas não deixa de ser mágica e fonte de deleite também. Para revisitar a magia particular de cada um desses desfiles, a seguir abordo mais detalhes por trás de cada coleção. Vamos conferir?
Um manifesto artístico, político e poético na moda – não poderíamos esperar nada menos de Maria Grazia Chiuri! No dia internacional da mulher, a designer tece sua nova coleção Dior em uma narrativa sobre feminismo e patriarcado. Em um filme conceitual mesclado com flashes de uma passarela repleta de intervenções artísticas, rosas vermelhas se tornam espinhos que atravessam os famosos espelhos da Galerie des Glaces, no Château de Versailles, e surgem fragmentadas dentre as peças desfiladas. Elementos clássicos da marca, como as icônicas estampas xadrez, aparecem mesclados a novos elementos, como o animal print de onça, indicando uma Dior que se moderniza sem abrir mão do seu DNA. Cores sóbrias como branco, cinza, grafite, preto, azul marinho e verde escuro endossam a seriedade da narrativa, e o vermelho e o bordô são ressignificados por uma perspectiva de luta. Botas de vinil, tramas de couro, rendas e transparências, óculos escuros, lenços e capuzes são alguns dos elementos que contemplam a complexidade feminina e reforçam a atmosfera misteriosa que permeou essa apresentação emocionante.
Uma atmosfera intimista e, ainda assim, repleta de glamour deu o tom da nova coleção Chanel para a temporada de outono-inverno. Inspirada nas histórias de Karl Legerfeld sobre os desfiles que organizava nos anos 70 com modelos se arrumando por conta própria, Virginie Viard apresentou sua coleção em um filme que mostrava cada modelo nos bastidores antes de desfilar pela pequena boate escolhida como locação. Dentre as peças criadas, alguns dos principais códigos da marca são revisitados: o clássico acabamento quilted das bolsas Chanel aparece em forros de casacos, em calças e em jardineiras estampadas com a logo da marca; o icônico tweed volta a aparecer em meio a fios metalizados e bordados de lantejoulas; as típicas pérolas aparecem não apenas nas emblemáticas correntes, mas também surgem cascateadas em franjas de colares e casacos; e os casaquetos, por sinal, são reinterpretados com suntuosas peles. O resultado? Uma coleção que aborda o conforto e a intimidade em uma perspectiva para lá de luxuosa!
O foco na jornada e não no destino foi o pontapé inicial para Olivier Rousteing criar sua nova coleção à frente da Balmain. A escolha do aeroporto Charles de Gaulle como cenário do desfile torna sua referência ainda mais clara – próximo a um avião em desuso, as peças desfiladas remetem ao típico repertório utilitarista de roupas usadas na aviação e nos dão um gostinho do escapismo que a moda pode representar em momentos difíceis. Se o utilitarismo somado a referências militares e ao volume glamoroso dos anos 80 já conforma o traço característico da marca, elementos como jaquetas de aviador, macacões, sobretudos, botões robustos e tiras de seda de paraquedas fazem a coleção decolar rumo a sua inspiração. Texturas e acabamentos metalizados combinados a cores ácidas, como o rosa, o laranja e o verde flúor, contribuem para contemplar uma aparência tecnológica em cada uma das peças dessa coleção que, de fato, nos levou às alturas!
Beijos, H.